Quando falamos sobre ansiedade, não nos referimos a uma única patologia, mas a uma vasta gama delas. De fato, a mais conhecida é o transtorno de ansiedade generalizada. Contudo, existe uma condição importante que se enquadra em síndromes ansiosas: a síndrome do pânico.
Na verdade, recentemente houve uma mudança na nomenclatura do transtorno, que passou a ser chamado de transtorno do pânico, podendo ou não ser acompanhado de agorafobia, ou seja, uma situação que reflete o receio de sair de casa e lidar com multidões, como as que encontramos em metrôs, ônibus, espaços fechados etc.
Viu só como esse transtorno pode impactar diretamente a vida diária? Diante da sua complexidade, vamos abordar com mais detalhes os diferentes aspectos dessa condição. Confira!
O que é a síndrome do pânico?
Se formos conceituar o transtorno do pânico em palavras simples, podemos dizer que ele representa um medo desproporcional, levando em consideração o real perigo que a situação oferece. Porém, esse medo não é reprimido e se manifesta de maneira característica.
Dessa forma, o indivíduo passa por um momento de intenso mal-estar, que acarreta sintomas físicos e cognitivos. Vale ressaltar que a duração média da crise é de 10 minutos, não se estendendo por mais que meia hora, além de apresentar início abrupto.
A situação torna-se mais grave, pois o indivíduo começa a ter medo de se sentir mal. Ou seja, quando detecta a possibilidade de um novo ataque, as manifestações já começam a se intensificar.
Diante disso, uma das consequências é evitar situações que geram desconforto, como enfrentar multidões ou mesmo andar pela rua. Em amplo espectro, impacta também a vida social e até mesmo a área profissional.
Quais os fatores de risco?
Nos transtornos psiquiátricos, é difícil estabelecer uma etiologia certa, apontando exatamente aquilo que desencadeou a condição. No caso do transtorno do pânico, alguns fatores de risco já foram comprovadamente associados ao início do quadro.
Alguns desses fatores são as experiências traumáticas vividas na infância, que predispõem o desenvolvimento do transtorno na vida adulta. Além da infância, os próprios acontecimentos na vida de um jovem podem desencadear a condição.
Se formos retratar os riscos em números, estudos mostram que:
- 80% dos indivíduos vivenciaram algum evento estressor 1 ano antes do transtorno se manifestar;
- 90% dos pacientes passaram por determinada transição de papéis;
- 40% viveram a experiência de perdas logo antes do quadro.
Quais os sintomas da síndrome?
Logo no início, mencionamos que o medo desproporcional se manifesta até mesmo por sintomas físicos. Pense em uma situação que cause em você um grande receio. Qual seria sua reação diante dela? Você lutaria ou optaria pela fuga?
Independentemente da escolha, o organismo se prepara para a reação liberando adrenalina e oferecendo energia necessária. No transtorno do pânico, o que percebemos é uma intensa liberação de adrenalina, causando manifestações sistêmicas e exacerbadas.
Desse modo, a ansiedade e o medo são acompanhados por:
- batimentos cardíacos acelerados;
- palpitações — sentir o próprio coração batendo;
- respiração acelerada e desconfortável;
- dor torácica.
Como podemos perceber, esses são sintomas facilmente confundidos com quadros que retratam urgência, como o próprio infarto agudo do miocárdio. Por esse motivo, pacientes com transtorno do pânico costumam ser vistos frequentemente em emergências, nas quais devem se deparar com profissionais devidamente aptos para diagnosticar corretamente a condição.
Quais danos a doença pode causar?
Diante dos sintomas e do que o quadro representa, podemos elencar alguns malefícios que o transtorno causa tanto para o paciente como para a assistência em saúde.
Para o paciente, é indubitável o impacto na autonomia e nas relações interpessoais. Diante do medo, a pessoa deixa de realizar várias tarefas, que variam desde uma ida ao supermercado até o cumprimento de suas obrigações, como ir o trabalho.
Nesses casos, os exemplos estão muito associados à agorafobia, que representa o medo de sair de casa. Porém, o transtorno do pânico pode se manifestar em qualquer outra situação que leva o indivíduo a ter certeza de que está morrendo e incapacitado de obter a ajuda necessária.
Isso o direciona para o sistema de saúde, que representa a outra esfera impactada pela condição. Frequentemente são gastos recursos no tratamento que vão muito além da crise. O acompanhamento com um especialista evitaria algumas situações, como receber auxílio considerando infarto quando na verdade esse não é o problema.
Como é feito o diagnóstico?
Antes de tudo, é preciso deixar claro que apenas um único ataque de pânico não é capaz de caracterizar o transtorno. Na verdade, é necessária a ocorrência de ataques recorrentes e crônicos, os quais, em conjunto, permitirão o diagnóstico clínico.
Além disso, não existem exames que comprovem a condição. Portanto, o diagnóstico é, de fato, essencialmente clínico. Contudo, vale ressaltar que é fundamental fazer alguns testes a fim de descartar outras condições.
Portanto, existe um algoritmo seguido pelos profissionais da saúde com o intuito de identificar outras possíveis causas para os sintomas, como:
- ataques induzidos por substâncias;
- crises secundárias devido a causas orgânicas;
- transtorno de ansiedade generalizada;
- demais transtornos psiquiátricos.
Em uma emergência, por exemplo, diante da dor torácica, deve ser excluído infarto e pneumonia. Caso o paciente apresente taquicardia, é preciso checar se há alguma arritmia. Ademais, o desconforto respiratório pode indicar embolia pulmonar, que também deve ser investigada.
Qual o tratamento da condição?
Por fim, diante do diagnóstico, será estabelecido o tratamento adequado. Sobretudo, é importante esclarecer para o paciente que ele apresenta uma crise de ansiedade intensa, mas não um quadro clínico com risco de morte iminente.
Ainda, é essencial ressaltar que a duração da crise não é longa, sendo, no máximo, de 30 minutos. Nesse momento, trabalhar a respiração é fundamental. Em casos mais graves, é possível solicitar uma medicação sublingual indicada pelo médico.
Dependendo da avaliação do especialista, pode ser necessário o uso crônico de medicamentos para o manejo do transtorno. Nesse caso, há um tempo mínimo para que haja o efeito e o tratamento possa ser concluído.
Como vimos, embora possa retratar manifestações graves, a síndrome do pânico é uma condição passível de ser tratada e que não representa risco de morte. Contudo, requer um profissional especialista, a fim de indicar a melhor terapia medicamentosa e oferecer as demais orientações para o controle das crises. Reiteramos que todo profissional de saúde deve ter a capacidade de fazer o diagnóstico diferencial, a fim de direcionar para a melhor conduta perante a crise.
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